Há pouco mais de seis meses entrou em operação comercial o tão esperado Boeing 787 Dreamliner. Embora ainda não estejamos diante de um design absolutamente revolucionário para uma aeronave de passageiros, o Dreamliner não deixa de ser inovador em muitos aspectos. A nova aeronave da Boeing promete muito em termos de eficiência aerodinâmica, conforto de cabine e implementações de sistemas. Muitos foram os atrasos e adiamentos, mas é muito provável que em não muito tempo, você também voará em um. Para facilitar a leitura, o internauta pode usar o sumário à esquerda, ou a barra de páginas ao final. Leia, e conheça-o melhor.
Histórico
O programa do Boeing 787 Dreamliner teve origem nos estudos para uma aeronave de passageiros super eficiente (Super Efficiente Airliner) conduzidos entre 2001 e 2002 em paralelo ao então Sonic Cruiser de alto desempenho. Quando este último foi abandonado em dezembro de 2002, o 787, então designado como 7E7 (com E indicando “efficient”) assumiu a proeminência.
Em 15 de dezembro de 2003, o conselho de diretores da Boeing aprovou o início da comercialização da aeronave, com a expectativa de receber propostas o suficiente para poder garantir um lançamento formal do programa em 2004. A All Nippon Airways anunciou um pedido de 50 aeronaves em 26 de abril de 2004, e no mesmo dia o programa do 7E7 foi oficialmente lançado.
Após votação através da internet, a aeronave foi rebatizada com o nome “Dreamliner”, e a designação 787 foi anunciada no dia 28 de janeiro de 2005. Estimava-se então que seriam necessárias 15.000 horas de túnel de vento para o desenvolvimento do projeto. Também em 2005 o design foi definido. Esperava-se então que o primeiro voo ocorresse em 2007 e que em 2008 a aeronave entrasse em serviço. O primeiro “corte” de metal para um componente de maior importância (seção central da asa) ocorreu no Japão, sendo celebrado em 30 de junho de 2006.
O programa de testes envolveu 6 aeronaves, quatro com motores Rolls Royce e duas com motores GE, além de outras duas aeronaves para testes em solo (testes estáticos e de fadiga). No total, foram construídas 8 células do 787. O primeiro protótipo, com o prefixo N787BA fez seu “roll out” em Everett no domingo, 8 de julho de 2007 (7-8-07, no formato americano de data “mes/dia/ano”).
A intenção era que o primeiro voo do Dreamliner ocorresse em agosto de 2007 (com motores Rolls Royce) e em novembro do mesmo ano (com motores GE). No entanto, a liberação para tal foi atrasada devido à indisponibilidade do software de controle de voo e à falta de fixadores de tipo aeroespacial no mercado mundial, que atrasou também a produção de alguns componentes da célula por parte de alguns fornecedores.
O primeiro voo foi então adiado para o primeiro trimestre do ano seguinte. No entanto, devido à escala do programa, em 9 de abril de 2008 a Boeing foi obrigada a reagendar o primeiro voo para o final de 2008 e as primeiras entregas para meados de 2009. Ao mesmo tempo, a entrada em serviço da segunda versão da aeronave, o 787-9, foi adiada para depois de 2012.
Estas datas, no entanto, não levavam em conta problemas que não foram anunciados oficialmente, e que requeriam um reforço da “caixa” central da asa. Mais uma vez, o primeiro voo e as primeiras entregas foram adiadas, respectivamente para meados de 2009 e princípio de 2010.
Antes ainda do primeiro voo, reportava-se extra-oficialmente que o protótipo inicial do 787 estava com 9.548 kgf [21.050 lb] de sobrepeso, com o que a fabricante trabalhava em alternativas de design para abaixar o peso vazio da aeronave, e esperava que tais correções fossem efetivas a partir da vigésima aeronave entregue. A Boeing também reconheceu uma deficiência no alcance do Dreamliner, que parecia ser menor que os previstos 14.816 km [8.000 nm, 9.206 mi].
O primeiro protótipo do 787 (prefixo N787BA) finalmente voou no dia 15 de dezembro de 2009, decolando de Everett e pousando no campo de voo da Boeing em Seattle. O segundo protótipo seguiu a mesma rota em 22 de dezembro do mesmo ano.
O primeiro 787 Dreamliner foi finalmente entregue à japonesa All Nippon Airways (ANA) em 25 de setembro de 2011. No dia 26 de outubro do mesmo ano, o 787 fez seu primeiro voo comercial, entre Narita e Hong Kong. As passagens foram vendidas em um leilão online, e o maior lance chegou a US$ 34.000 por um assento. Em 23 de maio deste ano, o 46º 787 decolou do aeroporto de Charlston, na Carolina do Sul para um voo de testes. Posteriormente a aeronave deve ser finalizada para ser entregue à Air India. No entanto, esta última está requerendo compensações pelo atraso nas entregas, e ameaça não receber suas aeronaves até que um acordo seja estabelecido. Hoje, o Dreamliner é operado por duas empresas do Japão: a já citada ANA, e a Japan Airlines.
De um jeito ou de outro, o 787 já é um dos maiores sucessos comerciais da fabricante americana. Os estudos da Boeing sugerem um mercado de 30 anos para algo entre 2.000 e 3.000 aeronaves da classe do 787. No princípio de 2009, registravam-se 910 pedidos, dos quais 43 eram para a versão 787-3, 644 para a versão 787-8 e 273 para a versão 787-9. Esses pedidos foram reduzidos a 840 até antes do primeiro voo, e no final de 2009, logo apos o primeiro voo, tinham crescido novamente para 851. Recentemente, o 787 completou seu World Tour, uma iniciativa promocional que levou o Dreamliner a todos os continentes do planeta.