Talvez o leitor já tenho ouvido falar das pesquisas sobre aeronaves de asas com geometria variável (“morphing wings”, caso contrário convém assistir a esse vídeo [1:30 min]) e das vantagens em eficiência aerodinâmica de que são capazes, mas que tal propulsores com geometria variável? Um executivo da Boeing disse hoje que uma das apostas da empresa para diminuir os ruídos nas aeronaves do futuro é justamente o desenvolvimento de carenagens de propulsores que mudam de forma em voo.
Qualquer um que tenha visto o novo B787 Dreamliner terá reparado a forma serrilhada do “nozzle” e da carenagem na parte traseira dos propulsores. Esta forma provoca uma interferência destrutiva sobre os ruídos ao misturar de forma apropriada o ar quente que sai do núcleo da turbina com as correntes frias e turbulentas de ar que passam por fora do propulsor. Nos aeroportos, a técnica mostrou reduzir em até 15 decibéis o nível de ruído, e na parte traseira das cabine de passageiros em até 6 decibéis.
Mas a tecnologia poderia ser ainda melhor se ela fosse adaptativa às condições de voo, disse o vice-presidente da Boeing Randy Tinseth, que estava revelando os planos da empresa para a nova versão do veterano 737 na Royal Aeronautical Society, em Londres, hoje.
“Uma das coisas que estamos estudando para o futuro é como os materiais podem mudar suas características na medida em que o voo progride. E uma das coisas que almejamos, por exemplo, é mover e mudar a forma desses ‘serrilhados’ para otimizar a emissão sonora em diferentes fases do voo”, disse Tinseth.
A Boeing testou o princípio básico da tecnologia em 2005, usando uma “liga reativa à temperatura”, que deformou o ‘serrilhado’ dos propulsores em um 777 de testes e reduziu os ruídos durante a decolagem, quando o empuxo gerado é máximo. Mas é necessário desenvolver ainda uma resposta mais controlada. “A tecnologia ainda não existe”, disse Tinseth, e finalizou: “Mas estamos pesquisando pelos materiais com que se possa realizá-la”.