A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, International Air Transport Association) publicou o relatório do mês de abril sobre o tráfego aéreo global. O relatório mostra que em todo o planeta, a demanda por transporte de passageiros cresceu 6,1%, enquanto a demanda por transporte de cargas diminuiu 4,2%, relativamente ao mesmo mês em 2011.
Apesar da debilidade econômica em algumas partes do mundo, a demanda por viagens aéreas continua a crescer. O crescimento registrado em abril supera a tendência dos últimos 20 anos. Com isso, em média a taxa de ocupação dos assentos nas aeronaves ficou em torno de 79,3%, o que é um recorde para os meses de abril.
A contração no transporte de cargas não é no entanto um mal sinal. O mercado de transporte de cargas cresceu muito no princípio de 2011, e sofreu uma forte queda no final do mesmo ano. Há muita volatilidade nessa área, e mesmo com a queda, os números de abril são 2% maiores que os de novembro de 2011.
O crescimento em geral foi mais forte nas viagens internacionais, registrando uma média de 7,4% no mês (comparado ao ano precedente). Os mercados europeus registraram aumento de 5,9%, abaixo da média e significativamente abaixo do mesmo valor em março (8,7%). A demanda, no entanto, foi maior que o crescimento da capacidade (3,4%), o que culminou em uma taxa de ocupação de 80,7%. Embora uma tal performance seja boa se comparada a períodos anteriores, desde o começo do ano a tendência é de queda. Relativamente a março de 2012, por exemplo, a queda foi de 0,3%.
Também os mercados asiáticos experimentaram um forte aumento de 9,3% na demanda contra apenas 4,6% de expansão da capacidade, o que resultou em uma taxa de ocupação de 78,1%. No entanto, os números são sobrestimados em comparação com 2011, quando os mercados asiáticos estavam particularmente fracos em função dos terremotos e tsunamis no Japão. Estima-se que subtraindo o impacto de tais eventos, o crescimento seja de aproximadamente 6%.
O menor crescimento no entanto foi dos mercados da América do Norte, de apenas 1,6%. Porém, desde o final de 2011 a tendência é crescente, na medida em que as condições econômicas e a confiança dos consumidores melhoram. As empresas da América do Norte foram também as únicas a diminuírem a capacidade, o que resultou em uma taxa de ocupação média de 80,8%.
Os mercados do oriente médio começam a retomar o crescimento, registrando um ganho de 16% na demanda por viagens em abril, após uma diminuição na segunda metade de 2011. Embora isso represente uma queda em relação a março, os resultados de março devem ser considerados distorcidos em função dos impactos da “primavera árabe” em 2011. Além disso, a demanda cresceu mais rápido que os 12,7% de crescimento da capacidade, o que determinou uma taxa de ocupação de 78,3%.
Os mercados da América Latina tiveram uma expansão de 9% na demanda por voos internacionais em comparação com abril de 2011. O crescimento das economias locais tem sido sólido o suficiente para sustentar fortes demandas. O crescimento da capacidade foi de apenas 5,3%, o que resultou em uma taxa de ocupação média de 78,6%.
Por fim, os mercados africanos registraram crescimento de 7%, e foram os únicos onde a capacidade aumentou mais (8,5%). As taxas de ocupação foram as menores, de 65,9%.
No que diz respeito aos mercados domésticos, o crescimento geral foi em torno da metade (3,9%) do crescimento dos mercados internacionais, embora as taxas de ocupação tenham sido muito próximas (79,7%).
O Japão foi o país que experimentou o maior crescimento, em torno de 27,8%. Isso, no entanto, reflete o impacto dos desastres do ano precedente. Embora o crescimento seja significativo e o mercado tenha se recuperado significativamente, os níveis de voos locais permanecem 8% abaixo do período anterior aos terremotos e tsunami. A taxa de ocupação de 57% é a menor entre os mais importantes mercados domésticos.
A demanda doméstica chinesa reflete a desaceleração geral da economia daquele país. O crescimento de 6,3% registrado em abril foi o menor desde o princípio de 2011, e bem abaixo do crescimento de 10,1% registrado em março. Mas as taxas de ocupação em torno de 82,2% no entanto são altas.
O mercado doméstico dos Estados Unidos cresceu aproximadamente 1% em abril, enquanto a capacidade diminuiu 0,7%. As taxas de ocupação, no entanto, foram as maiores (83,6%).
No Brasil, a demanda cresceu apenas 2%, abaixo do crescimento de 4,5% na capacidade, o que resultou em uma taxa de ocupação em torno de 70,2%.
Na já Índia, o tráfego doméstico cresceu 8,6%, bem acima dos 1,7% de crescimento da capacidade, com taxa de ocupação de 75,3%.
Em conclusão: com exceção da Africa, todos os mercados experimentaram crescimento de suas capacidades inferiores à demanda. Diante de incertezas econômicas, as empresas parecem recorrer aos princípios elementares: cortar custos, economizar e gerenciar com cuidado suas ofertas. Isso certamente será a tendência até que a economia global se restabeleça de forma mais sólida.
Para ver o relatório completo da IATA, o leitor pode visitar o site da associação aqui.