A Azul Linhas Aéreas uniu-se à Amyris Inc., à Embraer e à GE para anunciar que foram concluídos com sucesso os testes necessários para que um combustível renovável e inovador para jatos, produzido pela Amyris a partir da cana-de-açúcar brasileira, seja utilizado em voo de demonstração por um jato EMBRAER 195 da Azul equipado com motores CF34-10E da GE. O voo “Azul+Verde” será realizado no Brasil em 19 de junho, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio +20, que ocorre entre os dias 13 e 22 do mesmo mês.
O combustível renovável para jatos da Amyris foi desenvolvido para atender às especificações de combustíveis Jet A/A-1 e proporcionar desempenho equivalente aos combustíveis convencionais derivados de petróleo em uma série de parâmetros, entre eles propriedades de adequação à finalidade específica e potencial de redução da emissão dos gases que causam o efeito estufa. A matéria prima para o combustível renovável é a cana-de-açúcar, biomassa que pode ser produzida em grande escala e de maneira sustentável no Brasil e em outros países dos trópicos.
As empresas fornecerão informações adicionais sobre os planos do voo em breve, após autorização da Agencia Nacional de Aviação Civil (ANAC).
O feito representa um avanço em busca da sustentabilidade no setor aéreo, mas também uma oportunidade comercial para a indústria sucroenergética, O consultor de Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc, destaca o apelo ambiental do voo de testes:
“Os biocombustíveis são o único caminho para a aviação civil interromper o crescimento da emissão de carbono até 2020, conforme as diretrizes estabelecidas pela Associação de Transporte Aéreo Internacional (IATA, na sigla em inglês). E o uso de querosene de cana neste contexto, principalmente no decorrer da Rio+20, onde se discutirão soluções para o desenvolvimento sustentável do planeta, tem um peso estratégico para o Brasil e para o segmento sucroenergético nacional,” avalia o especialista da UNICA.
Szwarc explica que a oportunidade para a indústria canavieira está no fato do País importar atualmente aproximadamente 20% do QAV que consome, o que gera prejuízos cada vez maiores para a balança comercial do Pais. Em 2011, por exemplo, as importações de QAV representaram U$$ 1,4 bilhão, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX). Em 2012 este número já está em U$$ 560 milhões, total acumulado até o mês de abril.
“Nós da Amyris estamos muito entusiasmados em participar deste projeto em parceria com a Azul, GE e Embraer, envolvendo uma matéria-prima abundante no Brasil, que é cana. Este é, sem dúvida, o primeiro passo em direção ao uso comercial do QAV renovável,” afirma Joel Velasco, vice-presidente sênior para relações exteriores da Amyris.
O bioquerosene desenvolvido pela americana Amyris desde 2009, e que será misturado na proporção de 50% ao combustível fóssil no vôo teste que será equipado com motores da GE, foi desenvolvido para atender às especificações de combustíveis Jet A/A-1 e o mais importante: além de proporcionar desempenho equivalente aos combustíveis convencionais derivados de petróleo, o QAV renovável reduz significativamente as emissões de GEEs.
Segundo a Amyris, em breve será divulgado um estudo preciso quantificando este potencial de redução. O número, informa a companhia americana com escritório na cidade de Campinas (SP), está sendo levantado pelo Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (ICONE), que avalia uma série de dados baseados em diversos padrões de sustentabilidade, como o Bonsucro, o Roundtable on Sustainable Biofuels e o Biofuel Scorecard, ferramenta desenvolvida pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).